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Elizabeth Gilbert – Comprometida

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 Finalmente, terminei a leitura do recente livro da Elizabeth Gilbert “Comprometida”.

A autora do best-seller “Comer, Orar, Amar”, deu continuação ao livro, e partilhou connosco o seu destino/futuro com Felipe.

A verdade é que quando me falaram do “Comer, Orar, Amar” achei a história delirante, li-o num ápice e depois corri ao cinema para ver a versão em filme (que foi a decepção que já mencionei anteriormente).

Quando soube que iria sair este ano a continuação da história entrei em êxtase, ainda por cima por ser ele todo dedicado à temática do casamento.

Acabei-o ontem à noite, depois de várias semanas na minha mesinha de  cabeceira. Será que isso indícia algo??

Este livro não tem uma história corrente, são apenas fragmentos do tempo em que ela e seu amado têm que esperar até obter o visto para poderem permanecer juntos, e a sua pesquisa sobre a história do casamento, com o intuito de compreender melhor esta instituição.

É uma leitura pesada, cansativa e por vezes monotóna, com muitas referências históricas pelo meio. Ficou um pouco aquém das minhas expectativas, no entanto não o pode deixar de ler.

O livro tem 371 páginas e está dividido por 8 capítulos.

Apesar de tudo, não posso deixar de fazer referência a uma parte que achei simplesmente encantadora.

No capítulo 4, página 118, Elizabeth refere O Simpósio, de Platão, e neste o dramaturgo Aristófanes apresenta uma história mítica que explica a necessidade profunda que o ser humano tem de se juntar a outro.

“Era uma vez, relata Aristófanes, um tempo em que havia deuses nos céus e humanos na terra. Mas nós, humanos, não tínhamos o aspecto que temos hoje. Em vez disso, tínhamos duas cabeças, quatro pernas e quatro braços cada um – por outras palavras, éramos uma fusão de duas pessoas juntas, unidas num só ser de forma homogénea. (…) Uma vez que tínhamos o companheiro perfeito costurado no próprio tecido do nosso ser, estávamos todos felizes. Assim, todos nós, criaturas de duas cabeças, oito membros e perfeitamente satisfeitas, movíamo-nos pela Terra mais ou menos da mesma forma que os planetas viajam pelos céus – sonhadoramente, ordeiramente, suavemente.

Não nos faltava nada; não tínhamos necessidades impróprias; não desejavamos ninguém. Não havia briga nem caos. Estávamos completos.

Mas, na nossa completude, tornámo-nos excessivamente orgulhosos. No nosso orgulho, descurámos a adoração dos deuses. O poderoso Zeus castigou-nos por essa incúria, cortando ao meio todos os humanos de duas cabeças, oito membros e perfeitamente satisfeitos, criando assim um mundo de criaturas infelizes e cruelmente separadas, com uma cabeça, dois braços e duas pernas.

Nesse momento de amputação em massa, Zeus infligiu à Humanidade a mais dolorosa das condições humanas: a sensação opressiva e constante de que não estamos completos. Daí em diante, os humanos nasceriam com a sensação que lhes faltava uma parte – uma metade perdida, que amamos quase mais do que a nós próprios – e de que essa parte em falta andava por aí, algures, às voltas pelo universo,  na forma de outra pessoa. Também nascíamos a acreditar que se procurássemos com persistência suficiente, poderíamos encontrar um dia essa metade desaparecida, essa outra alma.

Através da união com o outro, voltaríamos a completar a nossa forma original, para nunca mais voltar a sentir solidão. Esta é a singular fantasia da intimidade humana: que um dia, um mais um será, de alguma forma, igual a um”.

Acho este tipo de pensamento simplesmente belo, uma visão romântica da vida, do amor. E considero que seja mesmo assim, todos procuramos a nossa metade.

Em relação ao livro, tirando algumas partes históricas (como esta) não me acrescentou grande informação sobre o casamento e não me agradou particularmente lê-lo, portanto não aconselho.

Agora venha o próximo!! 😀